3 de abr. de 2009

(...)

Já faz mais de uma semana que eu não posto nada aqui. Acho que duas, talvez. Até abro o blog, leio e releio, mas não tenho vontade suficiente para escrever.
Há duas semanas atrás, no domingo, eu fui levada à emergência do hospital com uma crise de pânico.
E ela começou do mesmo jeito que acontece quando a ausência toma conta de mim. No meio de uma tarde inespecífica meu olhar fica perdido de repente, fixando um ponto inexistente e aí os pensamentos desordenados vão me levando pela mão até o momento em que as lágrimas chegam; as minhas mãos se fecham num aperto muito forte, uma separada da outra, encolho o corpo o máximo que posso e luto duramente contra a vontade de gritar (dessa vez eu perdi, em alguns momentos); daí, o mínimo ruído torna-se ensurdecedor, as imagens ficam distorcidas, os rostos das pessoas ficam grandes e eu tenho muito medo da rua, do exterior, de que alguém me veja, de que alguém me toque; tenho vontade de cobrir o rosto com algo; os sintomas físicos de coração disparado e respiração, não preciso dizer.
Nesse dito domingo, eu entrei no corredor do hospital me contorcendo e me puseram numa sala reservada, para que eu não visse os outros pacientes do pronto-socorro. Fui medicada numa enfermaria, deitada na última cama, colada à parede, com "medicação pesada" e endovenosa. Custei a silenciar, a confiar em fechar os olhos, a adormecer. E, embora julgassem que eu dormiria muito, talvez passasse a noite lá, acordei cerca de duas horas depois e fui liberada.
Meu anjo da guarda encarnado, que é minha filha, não me deixou sozinha nenhum minuto sequer. E em casa continuou a me cercar de atenção.
Na segunda-feira, dia seguinte, eu me arrastei até o trabalho. Muito mal estar, confusão mental e cansaço me impediram de concluir o expediente. O resto do dia foi de uma inquietação inexplicável e oposta ao estado de apatia anterior. Dormi uma noite agitada.
Na terça acordei como se nada disso houvesse acontecido, cheia de disposição e energia, vontade de trabalhar melhor e até com um humor que não é normal - um bom humor. E desde então decidi contar, como os Alcoólicos Anônimos, a sequência de dias "sem quedas" ou "sem acidentes emocionais". Até dia 30/03 foram sete dias, mas em 31 zerei a contagem. Não consegui ir trabalhar à tarde, passe esse período na cama, ora dormindo, ora ausente, e voltou o baixo astral para o meu lado. É a vontade única de ficar no quarto, de não ir a lugar algum, de desligar o botão e ficar off. Como se eu pudesse pausar minha vida por um tempo. Às vezes eu quero passar dias e dias em silêncio, sem me comunicar com ninguém, sem ver nenhum rosto conhecido. Outras, tenho vontade de pegar um carro e dirigir sem rumo, numa longa viagem, longa e solitária.
Hoje, não tenho vontade alguma de me levantar amanhã, quando o relógio despertar. Quero que todos saiam para suas atividades e que eu fique só, sentindo o ar da manhã percorrendo a casa, renovando esse ar pesado que fica aqui o tempo todo.
Pintei as unhas de vermelho e até agora não entendi por que. Unhas escuras não são as minhas unhas. Então, de quem são? De onde vem o impulso de fazer maquiagem escura para ir trabalhar? Quem é essa pessoa?

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