19 de abr. de 2009

Transtorno ou Síndrome do Pânico

A síndrome do pânico, também chamada de transtorno do pânico, é uma doença associada a um desequilíbrio dos neurotransmissores no cérebro, como a serotonina e a noradrenalina. A doença  caracteriza-se por ataques  repentinos, inexplicados e recorrentes  de grande  ansiedade, conhecidos como  ataques ou crises de pânico. Estes ataques duram poucos minutos, são autolimitados (acabam cessando espontaneamente), mas  causam muita apreensão e medo, sendo frequentemente associados com uma sensação  de morte iminente. A doença atinge pessoas de qualquer classe social ou profissão. Em 70% dos casos a doença começa a se manifestar entre os 20 e 35 anos de idade, em uma fase  da vida profissionalmente muito produtiva. A ansiedade causada por uma separação durante a infância, interrupções de relacionamentos afetivos, situações estressantes de ordem pessoal e profissional, podem predispor ao aparecimento da síndrome do pânico.

Sintomas:
Os principais sintomas de um ataque de pânico são: falta de ar, tonturas, palpitações (taquicardia), tremores, sudorese, sufocamento, náuseas ou desconforto no abdômen, formigamentos, ondas de calor ou calafrios, dor ou desconforto no peito, medo de morrer, de enlouquecer ou de perder o auto-controle. A ocorrência simultânea de quatro  sintomas, dentre os acima  mencionados, é o suficiente para estabelecer o diagnóstico  da doença. É importante ressaltar, que há necessidade de que os ataques de pânico sejam recorrentes (várias vezes por semana ou até diariamente), sendo que estes ataques, podem ou não, serem acompanhados de agorafobia.
A agorafobia  é  o   medo de estar em lugares  ou situações nas quais seja difícil sair ou que não haja ajuda disponível na hipótese da ocorrência de um ataque de pânico. Dentre as situações mais frequentes de agorafobia, podemos mencionar aquelas em que o indivíduo está sozinho e fora de casa,   numa  multidão,  em locais de difícil saída (exemplo: shopping center), em uma ponte ou túnel, numa viagem de ônibus , trem , automóvel ou avião. Devido aos sintomas dos ataques de pânico, muita vezes o diagnóstico acaba sendo realizado por um médico clínico, emergencista ou cardiologista, ao invés de um psicólogo ou psiquiatra.
Características de personalidade:Os portadores de síndrome do pânico  são pessoas com tendência ao perfeccionismo, com uma autocrítica muito grande. Há uma cobrança extrema quanto a execução correta de suas atividades e, de certa forma, estes indivíduos esperam a mesma atitude das outras pessoas. Apresentam-se  muitas vezes como pessoas "viciadas no trabalho", com dificuldades para relaxar, sendo também muito centralizadores em relação as suas tarefas profissionais.
Geralmente gozam de  uma ótima  capacidade intelectual, mas denotam dificuldade nos relacionamentos afetivos. Inicialmente, os portadores da síndrome do pânico apresentam uma grande convicção que sua doença é de ordem orgânica , não aceitando o  diagnóstico de síndrome do pânico . É comum a procura de outro profissional da área médica, tal a sua desconfiança sobre a presença de uma outra doença de ordem orgânica.
Complicações:
Com a repetição dos ataques de pânico, podem surgir algumas complicações  tais como: hipocondria, fobias associadas direta ou indiretamente com as situações nas quais ocorreram as crises , ansiedade basal, ansiedade de antecipação, agorafobia, auto depreciação, desmoralização, depressão, alcoolismo e / ou abuso de drogas.
- Ansiedade basal: Caracteriza-se por tensão  e dores musculares,  dificuldade para relaxar (o paciente fica sempre em alerta,  esperando uma nova crise), intolerância a  barulho, impaciência,  irritabilidade, agressividade verbal, insônia e fadiga no final do dia.
- Ansiedade de antecipação: O paciente pode associar os ataques de pânico a certos locais onde as teve, criando um condicionamento e, desta forma, sente-se  ansioso  podendo  até  ter novos ataques de pânico quando se confronta fisicamente com a situação.
- Evitação fóbica: Cada vez que o paciente tenta enfrentar uma situação fica mais ansioso, chegando ao ponto de ter um ataque de pânico. Quanto mais se  evita uma situação, mais receio dela se vai adquirindo.
-Hipocondria: É uma preocupação excessiva com a saúde física, o  que se  nota  pelo fato do indivíduo observar com mais frequência suas  funções,  em  particular a cardiovascular (pressão arterial e batimento cardíaco). O paciente começa a acreditar que deve haver algo muito sério com sua saúde física,  algo  que os  médicos  e os  exames não são capazes de detectar ou então estão estejam lhe omitindo.
- Desenvolvimento de fobias: Fobias são situações específicas que geram ansiedade (exemplo: dirigir , viajar de avião, lugares fechados, etc...). Estas situações podem estar associadas direta ou indiretamente com  ataques prévios de pânico.Como o ataque de pânico não escolhe lugar nem hora,  a tendência é ir ampliando  progressivamente as  fobias ou a  ter  medo  de praticamente tudo.
- Autodepreciação e desmoralização: As limitações impostas pelo estado fóbico e ansioso comumente  levam a outras complicações, tais como sentimentos de auto depreciação e desmoralização. Há queda de qualidade de vida do paciente  e  da  família, além do sentimento de responsabilidade pela doença e por uma hipotética falta de força de vontade para superar o problema.
- Depressão: Os pacientes com síndrome do pânico e suas  complicações  podem  desenvolver  depressão, a qual é reativa as limitações  fóbicas  ansiosas  impostas  à vida do indivíduo.  Essa  depressão  é  secundária  e  ela  desaparece quando o paciente melhora do pânico .
Gravidade:
A gravidade da síndrome do pânico  pode ser avaliada através do grau de evitamento agorafóbico e pela gravidade dos ataques de pânico em si :
-Grau do evitamento agorafóbico: Pode ser leve (existe algum evitamento, mas o estilo de vida é relativamente  normal , conseguindo viajar desacompanhado  quando  necessário , tal  como a trabalho ou para lazer) , moderado (resulta  num  estilo  de  vida  restrito,  pois a pessoa é capaz de deixar a sua casa sozinha, no entanto , somente consegue percorrer alguns quilômetros  desacompanhada)  ou grave (por evitamento  resulta  em estar  parcial  ou  completamente restrita a sua casa , sendo  incapaz de sair desacompanhada). 
-Gravidade dos ataques de pânico: Podem ser leves (durante o último mês  não houve mais do que uma ataque de pânico) , moderados (durante o último mês os ataques  foram  intermediários entre ataques leves e graves) ou graves (durante o último mês houveram pelo menos oito ataques de pânico).
Conseqüências:
As conseqüências da síndrome do pânico  afetam três áreas:
- Econômica: Ocorrem gastos excessivos e desnecessários  com  médicos,  exames e internações.Outro  prejuízo  econômico são as faltas comuns ao  trabalho. Não é raro que os pacientes com síndrome do pânico sejam afastados temporariamente ou definitivamente de seu trabalho. 
-Social: O paciente se restringe ao convívio apenas familiar,  recusando os convites sociais. Como conseqüência , os amigos vão se  afastando  em virtude das dificuldades de  relacionamento que o  paciente  vai  adquirindo com a ocorrência sucessiva dos ataques de pânico. É comum estes ataques ocorrerem em reuniões sociais e situações festivas, como aniversários e casamentos.
-Familiar: Após várias consultas médicas e exames  mostrando  que o paciente não tem aparentemente nada, os familiares  acham que tudo não passa de fraqueza ou falta de força  de vontade para superar a doença. Como muitas vezes o paciente com síndrome do pânico só sai ou faz algo acompanhado, este fato pode afetar a liberdade da pessoa de quem  depende,  trazendo  aborrecimentos e gerando dificuldades de relacionamento conjugal ou com a família.
Tratamento: O tratamento da síndrome do pânico deve ser realizado com psicoterapia e o uso de medicamentos.
- Psicoterapia: Quando explicamos ao paciente com síndrome do pânico a origem e as características da doença, reforçando o fato de tratar-se de uma condição psiquiátrica e não de origem orgânica , geralmente obtemos um resultado positivo em relação aos sintomas . Um aspecto importante é estar disponível para conversar com o paciente por telefone em situações de um ataque  de pânico iminente ou na vigência deste. Alguns pacientes necessitam de uma psicoterapia mais intensiva visando reduzir as limitações imposta pela doença, como por exemplo, o evitamento fóbico .
- Medicamentos:  Pacientes com síndrome do pânico deverão tomar antidepressivos (medicamentos que ajudam a  reestabelecer o equilíbrio dos neurotransmissores cerebrais), por um período mínimo de um ano. A escolha do antidepressivo baseia-se nas características individuais de cada paciente , no entanto , existem antidepressivos mais amplamente estudados e utilizados no tratamento da síndrome do pânico.O uso de tranquilizantes, chamados de benzodiazepínicos , também fazem parte do tratamento. Estes medicamentos podem ser usados durante a iminência de um ataque de pânico ou na vigência deste, no entanto , com a ação dos antidepressivos ao longo do tempo , este medicamentos costumam ser descontinuados.

Fonte http://portaldocoracao.uol.com.br/materias.php?c=saude-mental&e=798

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